quarta-feira, 4 de março de 2009

Regresso ao passado

Sinto uma angústia dentro de mim. Uma insatisfação. Parece-te que chega, mas não chega. Parece-te que está tudo bem, mas não está tudo bem. Também pensei que estivesse. Também pensei que chegasse. Pensei que já te tinha posto na prateleira dos assuntos arrumados e com final feliz. Mentira... Sempre soube que não eras um assunto arrumado. Sempre soube que iria chegar o dia em que a realidade se me revelaria numa imagem clara e nítida. Só não sabia como, nem porquê. E, por isso, era mais fácil considerar-te resolvido. Colocar-te numa prateleira, arrumar-te numa gaveta. O meu sexto sentido, esse velho amigo, dizia-me que era cedo para e arrumar. Que não encaixavas ainda em nenhuma prateleira ou gaveta. Mas como me considero extremamente prática, não podia ter-te ali, em suspenso. Assuntos suspensos são assuntos não resolvidos e eu não me podia dar ao luxo de não te ter resolvido. Já me tinhas consumido energia demais, tempo demais, pensamentos demais, choro demais.
Estávamos bem. A nossa relação evoluiu rápida e vertiginosamente para um outro patamar, um outro nível tão, ou mais, mágico e francamente superior. E o passado já estava arrumado... Ou não. Nunca o arrumei, meu querido. Nunca consegui, percebo agora. A culpa foi deste meu sexto sentido. Se ele não me tivesse dito que havia um sentido oculto no sentido da nossa relação, se não me tivesse dito que a magia que nos acontece só pode estar ligada à nossa relação passada, já eras mais um arquivo no armário. Mas ele disse. E eu, como sempre, escutei. Não conseguia ver bem porquê, mas sabia que esta coisa bonita e muito nossa era pouco daquilo que gostaríamos que fosse: simples, aberta, segura. Porque existe toda uma outra dimensão que a complica. Ficou algo indefinido por resolver que chutámos para canto sem sabermos muito bem o que lhe fazer.
Pois bem, meu querido, o círculo falsamente fechado, voltou a abrir-se. Voltaste a entrar na área reservada de onde, agora sei, nunca saiste. Qual é o dano que isso nos vai fazer? Não sei. Qual é o lugar que vais ocupar agora? Também não sei. Talvez te estejas a mexer em direcção à saída e esse teu movimento me tenha baralhado. Talvez o fogo esteja a dar o último suspiro antes de se extinguir. Não sei. Não sei mesmo. Só sei que o passado regressou. E que há, ainda, uma parte de ti onde quero chegar...

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