sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Tenho saudades

Vieste de mansinho... Deste-me uma conversa alegre, solta, desprendida. Fizeste-me rir. Devagar, fizeste-me dar. Nem sempre valorizaste o que te dava, o que te dizia. Ou eu pensava assim. E isso fazia-me içar os espinhos. E tu percebias. E brincavas. Percebi que não fazias por mal. Era a tua maneira de ser. Brincar. Mesmo a falar de coisas sérias. Brincavas para manter o bom humor. Por baixo do tom despreocupado, bem escondido, estava um homem bonito, atento, carinhoso. Também tinhas os teus espinhos. Mas esses, escondeste atrás da brincadeira, da descontracção.
Comecei a perceber-te tarde demais. Agora... Tenho saudades das nossas conversas parvas. De te escrever e rir só de pensar em qual seria a tua resposta. Nunca era a que eu estava à espera. Pegavas onde eu pensava que ias pegar, mas fazia-lo de forma completamente diferente. Esperava acutilância e deste-me humor. Esperava um jogo, tu deste-me outro. Também de duplos sentidos e significados. Mas muito menos agressivo do que estava habituada. Pensei-te fraco. Enganei-me. Era, simplesmente, um jogo diferente. Também alegre, solto, desprendido. Menos tenso mas mais promissor. Eu não sabia fazer esse jogo. Habituada ao mata ou morre, ao ter que ganhar no matter what, ao ferir para não ser ferida, esqueci-me que um jogo pode não ser uma guerra. Perdi. E agora...
Tenho saudades. Dos comentários, das mensagens, das conversas. Da brincadeira e do jogo pelo jogo. Da Brasileira, onde nunca chegámos a estar juntos, e do Pessoa, que nunca nos viu por lá. De rir. E sabes que rir, para mim, é precioso...
Tenho saudades.