sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

És o meu amor eterno

A saudade é daqueles sentimentos agridoces que nos traz os momentos em que fomos felizes, ou as pessoas com quem fomos felizes, numa combinação de alegria e tristeza. Alegria porque revivemos o que sentimos e percebemos que tivemos o privilégio de viver grandes momentos. Tristeza porque, por qualquer motivo, alheio à nossa vontade, não se podem repetir, pelo menos no presente.
Hoje estou agridoce. Estou alegre e estou triste. Encontro-me encerrada entre a lágrima que sente a tua falta e o sorriso que te traz até mim de tão longe. Sempre tivemos uma relação especial. Não fomos grandes companheiros mas fomos grandes amigos. Não fomos grandes confidentes mas fomos grandes suportes um do outro. Nunca precisaste saber o que eu andava a fazer e com quem andava a fazer, nunca precisaste saber o que se passava comigo. Tal como eu em relação a ti. Porque sabias que, se eu precisasse, ia ter contigo. Porque eu sabia que estarias sempre lá, sem o teres de repetir todos os dias, sem teres que estar sempre presente. Acredito que seja complexo conceber este amor. Este amor que, a nós, só nos dá liberdade. Não prende, não exige, não cobra. Quando quero o teu colo, tenho-o. Quando queres o meu mimo, está sempre aqui para ti. Sem momentos de angústia em que nos assaltam as perguntas mais inseguras do tipo "Será que devia ligar?", "Será que devia dizer?", "Será que devia perguntar?", "O que andará a fazer?". Confiança plena e total no sentimento que sempre nos uniu. É isso que sentimos. E, por isso, tu podes ir para a outra parte do globo e eu posso embrenhar-me em mil e uma aventuras. Porque mesmo longe, sabemos que, se o outro precisar, saberá encontrar-nos.
Mas esta liberdade não consegue colmatar os momentos em que te preciso. Não me entendas mal. Adoro esta nossa forma de estar, esta nossa forma de amar, esta nossa relação muito mais forte que qualquer noção de espaço e de tempo. Mas gosto deste tesouro que temos, exatamente porque, até a saudade é livre. Podemos senti-la quando quisermos sem nos preocuparmos com questões como a possessividade, a dependência, a exigência. A nossa saudade tem pouco disso. Mas tem muito de amor, de segurança, de partilha.
Hoje tenho-te saudades. E procuro-te. E encontro-te. E tu dás-me o mimo que só tu podes dar, dizes-me a palavra que só tu podes dizer, dás-me esse colo que só tu tens. Porque é das coisas que mais gosto de fazer quando estamos juntos: sentar-me no teu colo, abraçar-te e receber os teus beijos, os teus mimos. Voltar a ser pequenina. É como que uma viagem no tempo... E os momentos que fizeram o passado, voltam a escrever o presente.
Hoje não me podes dar colo mas anseio por te ouvir ao telefone. Sei que me vais perguntar se tive saudades e se quero miminhos. E eu vou rir e vou dizer que quero muitos e que te amo muito. E tu vais-me dizer que também me amas, com aquela estranha forma de falar que os adultos usam para falar com as crianças. E volto a ser a tua menina. Sim, é verdade. Eu serei eternamente a tua menina. E tu... Tu és o meu único amor eterno.
Amo-te...
...pai.

1 comentário:

Nãosesa disse...

A isto se chama amor verdadeiro! Amor que mesmo por escrito e não sendo nosso, nos faz senti-lo! c",)