terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Feliz Natal

Parei. E pus-me a olhar a cidade ao final do dia. Trânsito caótico, pessoas em correria, anoitecer. E luzes. Ruas enfeitadas de folclore de cores e formas. Umas mais bonitas, outras menos. Montras enfeitadas de tentações e vontades. Umas mais elegantes, outras menos. E o trânsito escorria pelas artérias da cidade, essas artérias brilhantes e mais, ou menos, bonitas. E as pessoas espalhavam-se pelos espaços, pelas ruas, pelas lojas, essas mais, ou menos, elegantes. Enquanto uns desapareciam nas esquinas, recantos e curvas, desejosos de fugir do reboliço e chegar a casa, outros entravam e saiam num frenesim de sacos, e pressas, e prendas e impaciências. Agora estarão todos a abanar com a cabeça e a pensar "foi nisso que se tornou o Natal". Terá sido mesmo? Pois eu consigo olhar e ver, ainda, alguns que passeiam descontraidamente a aproveitar a luz do final do dia, aquela magia do anoitecer que apela à tranquilidade. Consigo ver aqueles que, com as mãos nos bolsos, param e olham as montras, as ruas, as luzes, não com a loucura das listas numa mão e os sacos na outra, mas com o deleite de apreciar a beleza que existe neste cenário. Porque é possível ver beleza nas luzes brilhantes, nas ruas enfeitadas, no reboliço da cidade. É possível olhar este cenário e sorrir com a benevolência própria da época. É possível contrariar a correria e a falta de sentido.
Mas não se enganem, meus amigos. Aqui me confesso: eu também sou uma consumista nata! E daquelas em estado grave!!!! Mas procuro comprar cada presente para cada pessoa. E imaginar a cara da pessoa ao abrir o presente. E fazê-la sentir q o comprei mesmo para ela. Dar, para mim, é dos maiores prazeres que tenho nesta altura. Gosto de dar bom gosto, beleza, praticidade. Gosto de dar, simplesmente. Palavras ou coisas. Sim, porque ainda escrevo manualmente alguns postais para aqueles que são especiais e merecem ler a minha letra esquisita, escrita num postal tradicional, em vez do formato standard de qualquer lettring de um telemóvel ou computador. Gosto, sobretudo, de mostrar às pessoas que são importantes e que penso nelas. Não que não o faça durante o resto do ano. Mas se esta época é propícia para a dádiva, para a partilha, para o amor nas suas diversas faces, porque não fazê-lo de uma forma especial? Afinal, aquela noite, há muito tempo atrás, marcou a história do Homem. Dá lições de vida a quem acredita e a quem não acredita. E transformou, radicalmente, a forma de olharmos os outros.
Então, vamos lá aceitar o desafio de correr aquelas ruas apinhadas de gente, de entrar e sair das lojas, de construir um equilíbrio precário entre os sacos e a mala que carregamos quase como mulas de carga. Mas embora lá fazer isso com o espírito certo. É que faz toda a diferença. A diferença do brilho nos olhos. E o sorriso.
Feliz Natal

1 comentário:

Nãosesa disse...

E o que fizeste tu no dia a seguir a escreveres este post? Não só andaste calmamente pela Baixa, como ainda andaste a cantar e a bater palmas ao som de uma bela e melodiosa voz (a minha claro! Não a do cantor jeitoso! lol)