segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Idas e Voltas

Trago-te aqui, bem perto.
Sempre protegido, sempre encoberto.
Guardado do que dói, do que fere, do que machuca.
E, no entanto, não pára a tua busca.
E espreitas, e sais, e foges de mim sem qualquer rasgo de remorso.
E vais.
E dás-te.
E, quando me apercebo, já voltaste.
Ferido, encolhido, escondes-te outra vez em mim.
E pedes-me que finja que não te vi.
Pedes-me que te proteja, que te feche, que te arrume aqui num canto para ninguém te ver.
Pedes-me para te esquecer.
Porque és orgulhoso e não queres que vejam as tuas feridas.
Porque a tua defesa é ignorar as dores escondidas.
Sofres, mas não queres que vejam.
Sangras, mas engoles o sangue do teu sangue, esse sangue que te dá cor, e vida, e alento.
Quando tudo o que querias era mais do mesmo, mais de ti. Num outro corpo, num outro recanto.
Ai, Amor, Amor, não sei se receie mais a hora em que não voltes ou a que voltarás para sempre...

1 comentário:

Cristina disse...

Não é fácil, ser Porto Seguro.
Não é fácil não ter medo do Futuro...
Deve ser bom esse recanto...
Onde apagas com jeitinho o pranto,
Onde te vais deixando ficar,
Mas onde te encontro a chorar.
É doce, esse Amor que te viciou,
Quem sabe o quanto entregas enquanto não vê...
Porto Seguro para qualquer maré,
Cálida baia onde a tempestade amainou.

Sabes que falo menos do que vejo,
Eu sei qual era o teu desejo.
Fiquei a saber que até dele tens medo,
Roubei-te agora o teu segredo!
Mas sabes que também sou a que sofro calada
A minha boca não se abre para nada.
Gostava de lembrar-te do meu caminho,
Onde apenas te oiço sem falar,
Onde odeio ver-te chorar,
Gostava de lembrarte do meu colo e carinho.

És um doce!